Em meio à crise, Museu do Negro abre oficinas gratuitas de música e arte

Aos nove anos de idade, Lincoln Cabral arranha no violão os primeiros acordes de uma de suas músicas preferidas: "Fada", da dupla sertaneja Victor e Leo. "Eu já estou conseguindo tocar, mas quero aprender mais", disse.

Ele estuda violão há apenas um ano e é um dos alunos da oficina de violão oferecida gratuitamente no Museu Capixaba do Negro. O espaço retomou as atividades nesta semana, após o recesso de carnaval, e as inscrições para os cursos de música e de arte vão estar abertas a partir de segunda-feira (2).

São oferecidos os cursos de violão, guitarra, baixo, cavaquinho, teclado, bateria, percussão, instrumentos de sopro e canto, além de artes cênicas, artes plásticas, penteado afro e capoeira. Cada curso possui 10 vagas abertas a toda a população.Homens, mulheres, jovens, idosos. Não há limites para o conhecimento da arte. No Museu do Negro, neste sábado, durante a aula de canto, dona Carmosina Nascimento anotava com capricho as variações da nota 'dó', após entoá-las de acordo com as orientações do professor. Aos 80 anos, ela encontrou, na oficina, a possibilidade de realizar um sonho.

Eu acho que essa é a minha vocação. Sempre tive vontade de tocar violão e de cantar. Nunca tive oportunidade. Meu sonho é levar a sério e continuar com essas aulas. Depois quero aprender teclado e acordeon. A idade não importa. Estou começando minha vida", disse, cheia de disposição, dona Carmosina.

Dificuldades

O coordenador do Museu Capixaba do Negro, Washington Anjos, disse que o espaço consegue manter essas atividades com muita dificuldade. Todos os monitores são voluntários. Ele cobra do governo do Estado mais apoio à cultura negra.
"Embora haja uma fala de que não há racismo e discriminação, as ações são bastante contrárias. Não aprecio ter dois estados dentro de um só. Para uma etnia tudo de bom, ouros e glórias. Para os afrodescendentes, o Museu dos Negros caindo aos pedaços", disparou Anjos. Para ter mais informações sobre os cursos oferecidos no Museu do Negro, o telefone é (27) 3233-1399. As inscrições começam na segunda-feira (2) e vão até a próxima sexta (7).

Um comentário:

Anônimo disse...

O museu do negro é o maior exemplo de cidadania
e solidariedade atualmente em vitória.
mesmo nas instituições oficiais ou privadas
não se vê tamanho exemplo de cidadania, solidariedade e dinâmica de grupo,baseada na força de sua própria população. um museu vivo e interativo produzindo resultados constantes no fazer cultural e no resgate de nossa identidade, sem falar no magnânimo exemplo de seu coordenador, que junto com os alunos, pais e amigos vem resistindo e vencendo os olhares egoistas dos governantes insensíveis.